O funcionamento do cérebro varia com a passagem dos indivíduos da infância à fase adulta, e depois à velhice. Na infância, a capacidade de pensar e raciocinar aumenta de forma constante, permitindo à criança aprender tarefas cada vez mais complexas. Durante a maior parte da vida adulta, o funcionamento do cérebro é relativamente estável. Com o envelhecimento o funcionamento do cérebro diminui.
O envelhecimento afecta a dinâmica cerebral, mas nem todas as mudanças têm impacto no desempenho cognitivo. O nosso cérebro nunca pára, mesmo quando estamos em repouso, a nossa actividade cerebral mostra grandes flutuações. O cérebro mais velho apresenta uma dinâmica cerebral marcadamente diferente do cérebro jovem. O padrão da actividade cerebral das pessoas mais velhas indica flutuações de actividade neuronal de menor amplitude e uma redução da activação espontânea das redes neuronais que abrangem regiões distantes do cérebro.
As alterações relacionadas à idade na estrutura cerebral nem sempre resultam em perda da função cerebral. Normalmente, essa mudança é tão pequena que as pessoas nem se apercebem. No entanto, uma diminuição da função cerebral pode ser o resultado de numerosos fatores que incluem alterações em substâncias químicas do cérebro (neurotransmissores), alterações nas próprias células nervosas, substâncias tóxicas que se acumulam no cérebro ao longo do tempo, aparecimento de anormalidades e alterações herdadas.
À medida que se envelhece, a irrigação sanguínea do cérebro, o número de células nervosas e os níveis das substâncias químicas envolvidas no envio das mensagens no cérebro tendem a diminuir. As células nervosas podem perder alguns de seus receptores e os nervos podem transmitir os sinais mais lentamente, o que faz com que o tempo de reacção e de rendimento seja mais demorado, pois o cérebro processa os impulsos e a informação com maior lentidão. Além disso, os nervos podem se reparar mais lentamente e de forma incompleta.
Devido a essas mudanças, os idosos reagem e fazem as tarefas de forma mais lenta. Algumas funções mentais como a memória a curto prazo, capacidade de aprender coisas novas, lembrar palavras e manter a atenção/concentração numa tarefa são afectadas de forma relativamente precoce. Habilidades verbais, incluindo vocabulário e uso das palavras, a capacidade de ter um comportamento ajustado, resolver problemas e tomar decisões podem começar a decair mais tarde.
No entanto, o nosso cérebro tem mecanismos que compensam parcialmente essas perdas. À medida que as células vão sendo perdidas, o cérebro compensa formando novas conexões entre células nervosas restantes e algumas áreas do cérebro podem produzir novas células nervosas.
Concluindo, as alterações no cérebro decorrente do envelhecimento determinam um declínio progressivo. Face ao impacto destas modificações, a magnitude desses declínios não é idêntica em todas as tarefas e funções, nem para todos os indivíduos.
Catarina Estima – Terapeuta Ocupacional da DomusVi Dom Pedro V