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Ao longo dos últimos anos e globalmente, a população idosa tem vindo a aumentar. A presença de doenças crónicas, como doenças respiratórias, enfarte, depressão e demência está naturalmente associada ao processo de envelhecimento. Contudo, estas doenças e o próprio envelhecimento podem influenciar o apetite e a capacidade de deglutição, levando a uma alteração da ingestão alimentar e, consequentemente, a um comprometimento do estado de saúde e nutricional. A alteração do estado nutricional pode estar associada ao desenvolvimento de défices nutricionais, quer de macro como de micronutrientes, assim como à desnutrição.

A disfagia é uma das perturbações da deglutição, caracterizada por uma dificuldade ou desconforto em mastigar, preparar o bolo alimentar e transferi-lo da boca até ao estômago. Alguns sintomas associados à disfagia são a aspiração de resíduos alimentares, tosse, voz molhada e múltiplas deglutições. Na comunidade, a prevalência da disfagia em idosos encontra-se entre os 30 a 40%. Contudo, aumenta até aos 60% em idosos institucionalizados.

Se não for correctamente diagnosticada e tratada, a disfagia pode levar à perda de peso de forma involuntária e, consequentemente, de massa muscular, à desnutrição e desidratação devido à diminuição da ingesta.

A prevalência desta condição é cada vez mais frequente na população idosa, estando particularmente associada a alguns fatores, tais como:

– Efeito fisiológico do envelhecimento
– Alterações cognitivas
– Doenças neurológicas (Acidente Vascular Cerebral, Doença de Parkinson, etc.)
– Doenças oncológicas
– Saúde oral comprometida
– Défices sensoriais (visual, gustativa, olfactivo).

Uma perturbação da deglutição e a falta de adequação da dieta dificultam a ingestão alimentar e hídrica, culminando num estado de desnutrição e desidratação. Além disso, contribuem para o agravamento da situação clínica do doente através de episódios de pneumonia por aspiração, infecções no trato respiratório, aumento de internamento, entre outros.

As dietas de textura modificada são dietas cujos alimentos apresentam uma consistência modificada. O Comité Internacional de Normalização da Dieta com Disfagia fundou a International Dysphagia Diet Standardisation Initiative (IDDSI) que estabelece uma terminologia comum para descrever estas alterações de textura, quer para os alimentos como para as bebidas. A estrutura IDDSI consiste numa sequência de 8 níveis (0-7): 5 níveis para os líquidos e 5 para os alimentos sólidos.

Quando prescritas e adequadas à condição clínica do doente, as dietas de textura modificada diminuem a necessidade de mastigação e preparação oral do alimento, contribuindo para a sua ingestão de uma forma mais fácil e segura e, consequentemente, para uma melhoria do estado nutricional. Contudo, deve ser garantida a sua adequação a nível da textura e a nível nutricional (valor energético, macro e micronutrientes), mas também devemos assegurar que a alimentação fornecida é agradável, apelativa e saborosa, aumentando o prazer no ato de comer. Para isso, é necessário um trabalho conjunto de uma equipa multidisciplinar, deste a nutrição, a terapia da fala, a enfermagem e a medicina, não esquecendo o trabalho essencial da cozinha na preparação das dietas e dos técnicos auxiliares de saúde no momento da refeição.

 

Ana Sofia Oliveira - Nutricionista da DomusVi Júlio Dinis

Ana Sofia Oliveira – Nutricionista da DomusVi Júlio Dinis
CP 4775N