O Terapeuta da Fala pode intervir desde os primeiros dias de vida até à terceira idade. O processo de envelhecimento é determinado por fatores que estão presentes desde o nascimento e se desenvolvem ao longo da vida, de acordo com variações individuais, ocorrendo mudanças naturais durante esse processo.
A alimentação é uma área que, com o envelhecimento, poderá ficar comprometida. A disfagia ou perturbação da deglutição, é uma patologia de prevalência elevada e com repercussões sérias na saúde do indivíduo (má nutrição, desidratação, obstrução da via aérea, pneumonias por aspiração e até a morte), e também na sua qualidade de vida, pelas suas consequências fisiológicas, emocionais e sociais que acarreta.
Assim é importante a prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e estudo científico da comunicação humana, incidindo a intervenção nas alterações da deglutição (ato de engolir).
As estruturas anatómicas envolvidas na deglutição são a cavidade nasal, a cavidade oral (lábios, língua, dentes, palato duro, palato mole, mandíbula), cavidade faríngea e laríngea e esófago. Estas estruturas são constituídas por músculos que, com o envelhecimento, acabam por ficar flácidos, com rigidez ou até atróficos. São também evidentes alterações músculo-esqueléticas por diminuição ou perda da elasticidade e dos movimentos. O comprometimento destas estruturas influenciará negativamente o desempenho da deglutição. Desde a mastigação do alimento até a sua entrada no estômago.
Com o avanço da idade podem surgir também patologias que requerem atenção especializada. Casos neurológicos de AVC e TCE (traumatismo crânio-encefálico) ou quem enfrente uma doença degenerativa (ELA, Parkinson).
A manutenção das consistências alimentares é uma estratégia bastante empregada no processo de reabilitação da deglutição. A consistência mais adequada dependerá da avaliação clínica do paciente e uma análise detalhada das alterações apresentadas em todas as fases da deglutição. Alimentos líquidos como a água, por exemplo, podem gerar escape prematuro para a faringe em Clientes com disfagia, trazendo riscos e comprometendo a segurança da deglutição. Já alimentos mais sólidos requerem maior força de propulsão, e caso a força da língua e/ou dos músculos faríngeos não seja suficiente, existe o risco de estase de alimento em recessos faríngeos após a deglutição.
Para garantir uma alimentação segura, o Terapeuta da Fala orienta os Clientes com dificuldade de deglutição a ingerirem os alimentos nas consistências mais adequadas para cada caso. Existem produtos industrializados como os espessantes alimentares que facilitam a modificação das consistências dos alimentos e bebidas.
Todos estes fatores têm impacto na funcionalidade, levando a desvantagens na eficiência da alimentação e um impacto negativo na qualidade de vida, comprometendo os mecanismos de socialização, manutenção da autonomia e sensação de bem-estar.
O Terapeuta da Fala pode fazer a diferença através do tratamento das várias áreas afetadas. Promover uma deglutição segura, melhorar a capacidade de mastigação e respiração, fortalecer as cordas vocais e músculos laríngeos, melhorar a articulação da fala, recuperar as capacidades de comunicação melhorando a interação social, reduzir a sintomatologia, promover a autonomia diária e, assim melhorar a qualidade de vida da pessoa idosa.
Carina Ferreira – Terapeuta da Fala da DomusVi Dom Pedro V