Aos 78 anos, Jorge Barros é totalmente autónomo, vai ao ginásio três vezes por semana onde tem um Personal Trainer “para não perder o ritmo”, é um eterno apaixonado por viagens, dá aulas de Povos e Culturas e vive na DomusVi Júlio Dinis. O seu quarto na Unidade é um museu personalizado que calorosamente conta a sua história e das suas viagens, com fotografias do passado e de diferentes países e culturas, e, peças decorativas que lhe trazem recordações dos 90 países que conhece.
Começou, desde cedo, a viajar e a conhecer o mundo. Uma paixão que se materializou, também, através da fotografia. “O meu pai tinha um contrato comigo. Dava-me dinheiro consoante eu tivesse boas notas. 20 escudos para um bom, 50 escudos para um muito bom… Mas, no caso de eu ter um suficiente, tinha que lhe pagar 20 escudos!”, refere Jorge Barros. “Naquela época, estava a juntar dinheiro para uma máquina fotográfica. Eu estava no segundo ano, que agora corresponde ao sexto, e o meu pai disse-me que se eu tivesse boas notas me dava uma máquina”. A partir dessa altura, Jorge Barros começou a fazer todas as fotografias de família e das viagens, sendo que a partir de 2002 teve uma máquina fotográfica digital. Ao longo dos anos foi digitalizando as fotografias da máquina analógica, e, actualmente, tem mais de 38000 fotografias digitais que utiliza nas suas aulas de Povos e Culturas.
Nas suas palavras as viagens dão-lhe gozo três vezes: na preparação, que inicialmente era com base em livros que muitas vezes trazia de outros países e que mais tarde começou a ser pela internet; na viagem, onde podia explorar e conhecer outras culturas, tradições e povos; e, finalmente, no pós viagem, quando organiza as fotografias recolhidas. Jorge Barros acrescenta “O meu país preferido da Europa é Itália, e, do mundo, a Índia. Mas ainda gostava de conhecer a Arábia Saudita e o Iraque. Prefiro países que fogem do que conhecemos aqui na Europa. Claro que toda a Europa tem coisas extraordinárias… Mas prefiro ver coisas diferentes!”.
Licenciado em Arquitectura, aos 19 anos era administrador da empresa do pai, que por doença, teve que se reformar cedo. Em conjunto com o irmão, Jorge Barros geria a empresa de cerâmica da família enquanto estudava Arquitectura. “A empresa começou a crescer muito, e, depois de uma fatalidade repensei a roda viva da minha vida. Saí da empresa do meu pai e montei uma Casa de Chá. Deu-me muito gozo desenvolver esse negócio porque, como sou arquitecto, fiz toda a decoração, desenhei as fardas, tudo!”. No entanto, uns anos mais tarde, Jorge Barros resolveu voltar para a arquitectura. “Fiz um pequeno escritório com mais três pessoas. Quando tinha 50 anos, um colega meu enviou o meu CV para a Universidade Lusíada e chamaram-me! Comecei com duas aulas por semana e acabei por ser regente da cadeira. Eu fazia os desenhos todos para os meus alunos, não copiava de livros. Quando deixei de dar aulas na Universidade, o professor que me foi substituir pediu-me para oficializarmos os meus apontamentos. Entretanto, apesar de ter começado o doutoramento, não o concluí.”
O quotidiano de Jorge Barros
“Vim para a DomusVi Júlio Dinis acompanhar a minha mulher que estava bastante dependente e por cá fiquei. Não tenho intenções de sair daqui, mas não estou cá 24 horas.” Criativo por natureza, Jorge Barros começou a colaborar com o Instituto Sénior da Foz, onde dá aulas de Povos e Culturas. “Uma pessoa reforma-se e no dia a seguir o que é que faz? Lembrei-me que podia mostrar as minhas viagens. Há 15 anos comecei a dar aulas e a entreter-me com tudo o que provinha daí: preparação dos powerpoints, que faço com um limite de 20 megas para caber no email, o que dá mais ou menos 50 fotografias por apresentação; organização das aulas; elaboração de cartazes em CAD, direcção da associação, entre outros. Faço todo este trabalho no meu computador, porque também tenho a experiência de ter estado ligado às artes gráficas”.
Jorge Barros revela que sai de manhã e de tarde, “Faço disto hotel. Entro à hora que quero, saio à hora que quero. Dou aulas no Instituto e dou aulas aqui, na DomusVi Júlio Dinis. Vou ao ginásio. Gosto de passear e até de trabalhar com o computador fora da Unidade. Agora queria retomar as minhas viagens”.
Em relação à sua opinião sobre a Unidade, Jorge Barros é sincero “A minha opinião é muito boa, se não fosse não estava aqui! O lado humano é fundamental. Todas as pessoas são muito simpáticas e todos me tratam muito bem. As instalações são óptimas e tenho um dos melhores quartos da Unidade. A alimentação é um tema controverso porque claro que não é possível agradar a toda a gente. No entanto, há sempre várias opções e ainda há pratos rápidos para os mais esquisitos [risos]. Sinto-me muito bem cá e dá-me imensa segurança saber que tenho aqui enfermeiras para o que acontecer.”